"Nessa conjuntura adversa, a esquerda vai precisar atuar com mais clareza programática, mais audácia política e maior vigor militante, fortalecendo as ações extra-parlamentares, – atuando de fora para dentro das atuais instituições –, e tensionando em todos os campos o combate ao projeto de recolonização neoliberal, autoritário e excludente em curso", diz o jornalista Milton Alves
O primeiro ano do governo bolsonarista foi desastroso para a imensa maioria dos brasileiros. O país conheceu um governo que atacou os direitos sociais, ameaçou as liberdades democráticas e enfraqueceu a soberania da nação, com um alinhamento tacanho e humilhante ao império norte-americano.
Passados doze meses, Bolsonaro mantém uma base de apoio ativa e mobilizada, uma aprovação ao seu governo em torno de 30% e uma coesão do empresariado ao seu programa implementado pelo ministro da Economia Paulo Guedes. Além disso, conta com forte apoio nas Forças Armadas, no aparelho judiciário controlado pelo lavajatismo e de um vasto segmento das igrejas neopentecostais. É um governo ainda forte, mas minoritário na sociedade.
Apesar de desacertos na condução política, o governo Bolsonaro não perdeu a capacidade de iniciativa e aplicou, no essencial, o seu nefasto projeto contra a maioria do povo brasileiro. Contou para isso governo com a boa vontade da mídia corporativa e do apoio organizado do sistema financeiro e empresarial. E conviveu com uma pálida oposição no parlamento e nas ruas.
Portanto, é necessário ter em conta essa real correlação de forças para definir uma tática eficaz para enfrentar e derrotar globalmente o projeto neoliberal do governo.
Nessa conjuntura adversa, a esquerda vai precisar atuar com mais clareza programática, mais audácia política e maior vigor militante, fortalecendo as ações extra-parlamentares, – atuando de fora para dentro das atuais instituições –, e tensionando em todos os campos o combate ao projeto de recolonização neoliberal, autoritário e excludente em curso.
A busca de atalhos, como o transformismo partidário e uso de disfarces políticos, não ajudam em nada a construção de uma eficaz e resoluta tática de resistência ativa, sustentada a partir da mobilização dos trabalhadores e do povo pobre, alvos da política genocida do bolsonarismo. Há, sim, a necessidade de mais unidade e nitidez política da esquerda junto à população, reafirmando as nossas cores e bandeiras.
Neste ano teremos eleições municipais, um palco importante para o enfrentamento ao governo Bolsonaro. Um momento para nacionalização da agenda da esquerda nas disputas eleitorais das capitais e grandes cidades. Um momento para a fusão da luta social com a batalha política e eleitoral, gestando as condições para uma eleição a quente, de polarização entre o projeto democrático-popular e o projeto bolsonarista e dos 10% mais ricos.
*Ativista político e social. Autor do livro ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’.
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