sexta-feira, 7 de julho de 2023

Artigo: Os Bastidores da Cobertura do ET de Varginha e o Jornalismo Literário Com Cores Locais

  

Veja abaixo um artigo publicado dia (04/07) no site ‘Observatório da Imprensa’, tendo como tema central (na visão do autor) o famoso ‘Caso do ET de Varginha’ em um ângulo pouco explorado e que sustenta o lançamento de um livro recente, intitulado, “Os ETs de Varginha: Bastidores de Uma Cobertura de Outro Mundo”, escrito pela jornalista Margarida Hallacoc, que na época acompanhou o caso in loco. Entenda melhor essa história pelo artigo abaixo, confira!
 
Aproveitamos para agradecer publicamente ao Prof. Dawson Tadeu Izola pelo envio deste interessante artigo.
 
Brazilian Space
 
Jornalismo Literário - Jornalismo Local
 
Os Bastidores da Cobertura do ET de Varginha e o Jornalismo Literário Com Cores Locais
 
Por Pedro Varoni*
Edição 1245
4 de julho de 2023
Fonte: Site Observatório de Imprensa - https://www.observatoriodaimprensa.com.br
 
Foto: Divulgação
 

O caso do ET de Varginha já motivou reportagens, documentários, programas de humor, abordagens sensacionalistas. Há, entretanto, um ângulo pouco explorado e que sustenta o lançamento de um livro recente, “Os ETs de Varginha: bastidores de uma cobertura de outro mundo” (Página Editora), escrito por Margarida Hallacoc. No verão de 1996, quando se teve notícia do fato -boato? delírio? quem saberá?- da chegada de um extraterreste no bairro Jardim Andere, em Varginha, Margarida era uma jovem repórter da sucursal local do jornal Hoje em Dia. O ângulo explorado por ela é, justamente, o desafio do jornalismo em cobrir uma história tão cheia de nuances e mistérios. Como aplicar os ensinamentos da faculdade recém terminada, diante de uma demanda que escapava às teorias?
 
Na prática, era foca, ingênua e deslumbrada com a profissão. Aprenderia, na porrada, que ninguém é imparcial. Todos somos nós mesmos quando trabalhamos e nós não somos imparciais. O que muda é o percentual de cuidado e esforço que cada profissional empenha na hora de passar adiante uma informação.

É ali, aquele contexto e com os recursos que dispunha, que o relato de Margarida vai tecendo os fios que revelam, antes de tudo, procedimentos deontológicos do jornalismo diante de uma pauta inusitada. É nesse ponto que a história de Margarida se entrelaça à minha. Eu também era jornalista em início de carreira, no caso a chefia da redação da EPTV/Sul de Minas, seis anos depois da minha chegada a Varginha, recém-formado. Margarida tem melhor memória, preservou suas anotações e estava na linha de frente, a reportagem, o lugar mais nobre do jornalismo. Mas a gente se deparava com problemas parecidos. Expressões como fake news ou desinformação ainda não havia sido inventadas. Mas era difícil acreditar que um extraterreste foi visto num terreno abandonado, levado pelo exército até o hospital da cidade e, depois, seguindo um destino ignorado. O que era fato, o que era boato? Foi um teste pesado para um jovem chefe de redação, como era para a repórter iniciante.
 
Quando algum me pergunta a respeito da história, creio ter dado depoimentos frustrantes. Não sei apresentar indícios diferentes do que já circulam e também não consigo aderir fácil à desqualificação do acontecimento. Talvez por isso, me identifiquei com o texto de Margarida e devorei as suas 200 páginas com curiosidade e nostalgia, o prazer de reler por um ângulo próximo, o que eu mesmo tinha vivido. O temor da perda da credibilidade, a busca pela audiência, o respeito às fontes e aos leitores, uma incapacidade de ligar os fios da história. O que é notícia? O que não é? Até hoje essa pauta ressoa como espécie de paradigma na minha história de jornalista. Relutei um pouco para entrar na história, mas fui tomado por vários apelos: do comando da rede Globo, que atestava a credibilidade dos ufólogos envolvidos, ao movimento da cidade, onde não se falava de outra coisa.

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