Suruba parlamentar
“Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada”.
(Diarreias mentais despejadas por um Senador da República Brasileira).
Não conhecemos suficientemente outros idiomas, mas acreditamos que nenhum deles supera o nosso em matéria de palavras obscenas e grosseiras.
A Língua Portuguesa é farta em palavrões e também acreditamos que em nenhuma língua é tão gostoso xingar quanto em português.
O brasileiro fala palavrão quando o seu time ganha ou quando ele perde. Quando o tempo está frio ou quente. Quando ele tem uma alegria ou uma tristeza. O brasileiro xinga na saúde ou na doença, na paz e, principalmente, na guerra.
No nosso vernáculo já existem até vocábulos que foram palavrões e hoje, de tão utilizados, estão virando interjeições – “porra”, por exemplo.
Portanto, não podemos negar que as palavras chulas, grosseiras, baixas e rudes fazem parte de nossa cultura, mas, geralmente, são pronunciadas por pessoas chulas, baixas e rudes.
Queremos pedir a anuência dos leitores para transcrever abaixo, o que o Dicionário Aurélio, define sobre “suruba”, um substantivo feminino: “Grande cacete; bengalão; namoro escandaloso; orgia sexual em que participam mais de duas pessoas; surubada e bacanal”.
Depreendemos, então, que “suruba” é um vocábulo chulo e o seu significado é rude e grosseiro, além de imoral.
Sabemos que estamos em pleno Século XXI, com a permissividade que os tempos nos legaram.
Hoje, ouvimos adolescentes (de ambos os sexos) pronunciarem palavrões que só ouvíamos nas zonas de baixo meretrício dum passado distante.
A nossa geração, muito cedo, aprendeu que a decência se faz necessário sempre e em todos os lugares. A decência nos remete à compostura e ao decoro parlamentar. Decoro parlamentar que, obrigatoriamente, precisa estar presente nas relações interpessoais entre políticos que nos representam e, obviamente, nas suas comunicações com o desrespeitado povo brasileiro.
Vimos repetindo que, advindo da política nacional, nada nos surpreende. Erramos. Por quê? Porque voltamos a nos surpreender.
Na semana passada, repercutiu negativa e nacionalmente a declaração grosseira do líder do governo no Congresso Nacional, senador Romero Jucá (PMDB-RR), que numa patente perda de compostura e num grande desrespeito à sociedade brasileira, despejou uma “diarreia mental” quando fez uma comparação infeliz de “suruba” (uma trepada coletiva, onde todos comem todos) e o “foro privilegiado” (uma excrescência jurídica).
O palavrão, fora do contexto e ouvido em todos os lares brasileiros, nos chocou, mas não constituiu nenhuma novidade.
De há muito, todos nós sabemos que o Congresso Nacional é uma zona, com a maioria dos congressistas sendo “putas velhas”, onde todos são bem-remunerados, não desempenhando o seu mister dignamente e ainda desfrutando de “foro privilegiado” que, segundo declaração de um deles, é uma “suruba”.
Será que já podemos reformular aquele velho ditado lá de “nóis” que reza que “quem mente, rouba” para: “quem mente, rouba e faz suruba? ”.
Finalmente, folgamos em saber que os políticos brasileiros cansaram de foder o povo.
Eles agora também se fodem entre si, numa suruba parlamentar paga pelo contribuinte!
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