Em defesa da saúde mental
Por Monique Brito
O Dia 18 de Maio simboliza a Luta Antimanicomial há 29 anos, quando trabalhadores da saúde mental romperam as mordaças que os impediam de denunciar um fazer aprisionante, desumanizador, violentador… Violenta a dor dos que eram (?) retirados de suas vidas, não pela experiência da loucura, como muitos podem acreditar, mas pela violência da prisão, do isolamento, da segregação em instituições totais.
Ao longo desses anos, muitas lutas foram travadas para que a liberdade de outros fosse alcançada. E há quem diga que a reforma psiquiátrica teria acontecido naturalmente, sem o arregaçar das mangas e a cara no sol dos militantes desta causa. Nenhuma transformação social acontece naturalmente, ainda mais se ela vai de encontro à ordem social estabelecida, se ela contesta o saber-poder hegemônico.
Quando falamos em manicômio, muitas pessoas ainda se assustam e até dizem que isso não existe mais. Se o nome manicômio, historicamente utilizado para referir-se aos hospitais psiquiátricos/ hospícios soa estranho e inadequado; se ele incomoda aos ouvidos que o ouvem ou aos olhos que o leem, por que incomoda tão pouco quando o praticamos?
Vamos parar de pensar os manicômios apenas como aquele lugar onde nós normais nunca estaremos (?) e pensemos, então, como aquilo que nos habita e nos faz delirar que a nossa liberdade é mais importante que a do OUTRO, que a pele branca vale mais que a pele preta, que o corpo do homem pode ser mais mostrado mais que o da mulher, que uma puta vale menos que uma recatada e que, por isso, pode ser entregue ao primeiro zepelin que aparecer para que faça com ela o que quiser.
Vamos delirar menos e parar de pensar que para colocar ordem no caos é preciso uma mão forte e uma voz grave, que para se erguer economicamente uma nação é preciso priorizar coisas mais importantes que a cultura ou os direitos humanos, ou que um doutor vale mais que uma pessoa não alfabetizada… Vamos parar com essa coisa de tentar prender o desejo do outro ao nosso desejo…
Nosso desejo de manicômio!
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