Todos buscamos meios de resguardar, minimizar e escapar dos problemas. Para isso, desenvolvemos mecanismos de defesa, que nos ajudam a driblar os conflitos do cotidiano. Esses mecanismos protegem as falhas do “eu”, as quais podem ser reais ou fantasiosas. Se permanecermos presos às nossas dificuldades, podemos perder o controle de nossa auto-estima e levar nossa personalidade a um processo de desintegração. Os mecanismos de defesa nos ajudam a equilibrar e recriar nossa própria identidade.
O complexo de inferioridade é um conflito muito presente na maioria das pessoas. Ele se apresenta com os seguintes sintomas:
.Isolamento;
.Sentimentos agudos de incapacidade e de inferioridade;
.Super valorização da bajulação;
.Excessiva sensibilidade a críticas;
.Atitudes supercríticas aos outros.
Quando somos acometidos pelo complexo de inferioridade, tendemos a desenvolver determinados mecanismos de defesa, tais como:
Compensação: procuramos superar uma desvantagem física ou emocional (pode haver
um fundo imaginário). O sentimento de inferioridade em um determinado setor, leva à tentativa de superá-lo em outro. Exemplo: uma mulher pouco atraente, que passa a caminhar de modo provocante. O caminhar chama a atenção e compensa sua falta de atrativos.
Racionalização: criamos explicações e razões vantajosas para fracassos decorrentes da inferioridade. É uma defesa do “eu” em face às críticas sociais. Exemplo: Um jovem que gastou muito dinheiro comprando uma roupa de marca. Explica aos pais que custou caro, mas o tecido é melhor e vai durar por mais tempo.
Projeção: atribuímos a terceiros nossos erros e desejos pessoais. Exemplo: pessoas de má índole que colocam:... “Não odeio ninguém, esse sentimento não faz parte de mim. Mas, não sei por que, os outros me odeiam”...
Identificação: quando adotamos mentalmente uma aparência, uma propriedade ou qualidade de alguém. Exemplo: mulheres que cortam o cabelo igual ao de uma atriz famosa e bonita.
Regressão: regredimos a atitudes infantis de comportamento. Esse mecanismo ocorre após muitas situações de intensos fracassos. Exemplo: um adulto chorar por não passar em um concurso.
Fixação: quando temos um interesse ou uma ligação emocional e paramos nosso desenvolvimento, nos fixando em uma determinada fase. Esse mecanismo ocorre em pessoas que tenham passado por excessivos sofrimentos, com profundas frustrações ocasionando assim sérios traumas. Exemplo: tenho um paciente, um rapaz que hoje está com vinte anos. Aos dezesseis, sei pai foi embora de casa, ele se fixou em tal idade, desenvolvendo uma dependência afetiva e comportamental para com sua mãe.
Idealização - utilizamos energia emocional reprimida, para criarmos e elaborarmos um mundo mais justo, mais gratificante (mais ou menos imaginário). Assim aumentamos e sustentamos nosso comportamento individual a favor de sua criação real. Exemplo: o positivismo é um bom modelo de idealização. O livro “O Segredo” (não generalizando, claro) exemplifica bem a idealização.
Simbolização - usamos nossa energia emocional em um processo de elevação e quase adoração de personalidades que se destacam no meio social. Exemplo: criação de ídolos do cinema, da televisão, etc...
Repressão – quando reprimimos um conflito. Quando uma frustração incomoda, atormenta nossa consciência, esta cuida de inibi-la e de afogar sua memória. Porém, o problema reprimido pode continuar atuando, mesmo que de maneira inconsciente, em nosso comportamento. Exemplo: atos falhos. O ato falho, é quando aparecem em nossa fala (ou escrita), termos que se referem a repressões relacionadas a algo ou alguém. Para um melhor entendimento: imaginemos que vamos receber a visita em casa, de uma senhora que tem um queixo muito grande. Pedimos a nosso companheiro que não comente nada sobre o queixo. Quando a senhora chega, ele faz um esforço para não rir ou fazer qualquer comentário. Porém, durante o lanche que se segue, ele pergunta:...- “A senhora aceita um pouco de geléia no queixo?”... A palavra “queixo”, saiu completamente sem querer. Ele queria apenas oferecer a geléia.
Sublimação – quando canalizamos nossas energias emocionais não aceitas dentro dos padrões normais da sociedade, para um outro ato que seja aceito e valorizado pela mesma. Exemplo: uma pessoa que aprecia cenas pornográficas, e que pinta telas de cenas sexuais. Virando arte, fica mais aceitável.
Fantasia ou Devaneio – como fuga de uma realidade frustradora, de suas lembranças, fantasiamos situações para encobri-las. Vivemos, na imaginação, aquelas situações e aquele tipo de universo em que desejaríamos de viver. Exemplo: quando um indivíduo não tem muitos amigos, mas imagina-se amigo íntimo de todas as pessoas que conhece. Começa a imaginar que foi convidado para festas e que é muito assediado.
Os mecanismos de defesa, quando empregados com medida, são perfeitamente normais a todas as pessoas. Eles são necessários para a manutenção e equilíbrio do emocional de todos nós. Eles fazem parte de nosso cotidiano e são sadios. Quando ultrapassam um limite de normalidade, devemos procurar ajuda de um profissional. Nesses casos, nem sempre a pessoa acometida tem percepção do agravamento e exacerbação de seus mecanismos de defesa, cabe então aos familiares uma atitude.
Fonte : http://betesdaadcaico.blogspot.com.br
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