Carlos Madeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió
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Em Maceió
Os Estados do Nordeste decidiram se unir e atuar em conjunto para conter os assaltos a caixas eletrônicos e a entrada de armas e drogas na região, que é líder em homicídios no país. Lançada como piloto há pouco mais de dois meses, a operação Divisa Segura começou nos Estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Os bons resultados levaram os demais Estados a se incluir no projeto, que deve ser ratificado como política de segurança regional.
O primeiro encontro entre as autoridades dos quatro Estados ocorreu em agosto, em Sousa (PB). Ali nasceu um comitê gestor que planejou mais de 15 operações, com a apreensão de mais de 500 kg de explosivos, 50 armas de fogo e 75 veículos. O resultado é que a Paraíba - Estado mentor da operação - não registrou nenhum assalto com explosão de caixas eletrônicos no mês de outubro.
No último dia 7 de novembro os representantes voltaram a se reunir, em Maceió, onde oito Estados - exceto o Maranhão, que deve oficializar acesso ao grupo de Estados na próxima reunião - discutiram novas operações. Os encontros envolvem as polícias Civil e Militar e representantes do Corpo de Bombeiros, responsáveis pela fiscalização de explosivos.
A ideia de unir forças surgiu por conta dos constantes assaltos a caixas eletrônicos, com uso de explosivos, próximos às divisas dos Estados. Diante dos limites estaduais, as polícias enfrentavam dificuldades para prender os envolvidos nos casos.
"Nós temos casos de quadrilhas presas a com integrantes de diversos Estados. Tem quadrilha com cearense, pernambucano, paraibano, alagoano. Eles se organizaram e aproveitam para atacar próximos às divisas porque sabem que a polícia não pode passar de um Estado para o outro. Nós agora vamos evitar essa situação e poder agir ingressando de um Estado para o outro", afirmou o subcomandante da Polícia Militar de Alagoas e coordenador da operação no Estado, coronel Dimas Barros Cavalcante.
Outro ponto acordado entre os Estados é o compromisso em aumentar o efetivo e a fiscalização nas rodovias. "Além disso, os comandantes de batalhões e delegacias das cidades próximas às divisas terão o contato direto das autoridades do Estado vizinho. Os dados colhidos em investigações e no setor de inteligência em outros Estados também vão facilitar a atuação conjunta para prender os envolvidos em crimes", disse.
Primeiros resultados
Segundo o coordenador do comitê gestor da operação Divisa Segura, o secretário-executivo de Segurança e Defesa Social da Paraíba, Raimundo Silvani, os primeiros resultados da operação são “excelentes”. Segundo ele, a operação tem três focos. "No primeiro momento, o foco foi o assalto a bancos com explosão dos caixas eletrônicos. Em seguida, temos as investidas nas divisas para pegarmos homicidas, drogas e armas, atuando sempre com o setor de inteligência das polícias. E no terceiro momento, que ainda vai ocorrer, vamos combater o tráfico de pessoas", disse.
Com o sucesso inicial da operação, a meta é oficializar a ação como uma política de segurança pública regional. A apresentação da operação e seus primeiros resultados será feita na próxima reunião do Consene (Conselho de Segurança Pública do Nordeste), que reúne todos os secretários de Estado. O encontro está marcado para dezembro, em Fortaleza.
"Nós já temos um resultado positivo a apresentar e vamos tentar oficializar com operação permanente. Nós vamos nos reunir todos os meses para discutir os resultados e planejar operações. Acredito que a tendência é que essa operação vai se expandir por todo país, porque ela é eficiente. O Estado de Goiás, por exemplo, já nos procurou ", destacou o secretário-executivo da Paraíba.
Em outubro, em entrevista ao UOL Notícias, o presidente do Consene, Aldiar da Rocha, já havia antecipado que os Estados estavam integrando ações para tentar frear o aumento da violência na região. "Nós temos no Nordeste uma excelente comunicação e integração. Para isto, desenvolvemos várias operações coordenadas e integradas, tanto de forma ostensiva, como operações de inteligência policial", disse.
Violência crescente
Ao contrário do restante do país, que desde 2003 vive um redução no número de homicídios, o Nordeste registrou aumento de assassinato nos últimos anos. Em 2010, os Estados da Bahia e de Alagoas, respectivamente, lideraram o número absoluto e a taxa de homicídios entre todas as unidades de federação.
Entre 1998 e 2008, segundo dados do Mapa da Violência, do Ministério da Justiça, o Nordeste viveu um aumento de 78% na taxa homicídios, que saltou 18,5 para 32,1 para cada 100 mil habitantes. O Brasil, porém, teve média de 24 assassinatos para cada 100 mil habitantes.
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