Recife - O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), em Brasília, já começou a coletar os dados de voz da caixa-preta do bimotor LET-410 da Noar Linhas Aéreas que caiu num terreno baldio, em Boa Viagem, no dia 13 de julho, matando as 16 pessoas a bordo, entre elas dois potiguares: a professora Antônia Fernanda Jalles, de Natal, e o caminhoneiro Johnson Nascimento, de São Paulo do Potengi.
guga matosBimotor da Noar caiu num descampado na praia de Boa Viagem, matando todos os 16 ocupantes
Um arquivo de áudio com duração aproximada de três minutos, recuperado pelos técnicos encarregados da investigação do acidente, registra os últimos momentos do voo e a tentativa dos pilotos de evitar o pior. "Estamos com problema. Vamos voltar!", diz o comandante Rivaldo Cardoso em tom apreensivo. Dois minutos depois, o piloto alerta: "Não vai dar mais pra voltar."
Depois de uma breve pausa escutam-se gritos de desespero do copiloto na cabine: "Baixa o nariz. Baixa o nariz. Baixa o nariz." Era uma tentativa de o avião ganhar velocidade para um pouso de emergência no terreno à frente ou, se tivesse condições, no mar. Os comandos não respondiam aos procedimentos dos pilotos. O avião caiu e minutos depois explodiu. Os laudos divulgados posteriormente pelo Instituto de Medicina Legal de Pernambuco apontaram múltiplos traumatismos como a causa da morte de todos eles, ou seja, eles já estavam mortos quando o avião pegou fogo.
A parte do áudio que vazou ontem para alguns órgãos de imprensa não permite concluir se os passageiros tinham consciência das dificuldades enfrentadas naquele momento pelos pilotos. Uma fonte informou ontem que a íntegra da conversa na cabine somente será divulgada ao final das investigações do acidente.
Os investigadores estão cruzando dados técnicos sobre as conversas dos pilotos, as informações dos painéis eletrônicos do avião e os registros de bordo de cada voo. Algumas das informações dos diários de bordo, divulgadas pela Rede Globo no domingo seguinte ao acidente, mostram que a aeronave tinha um histórico de problemas técnicos que combinavam defeitos eletrônicos e falta de potência nos motores. Se ficar comprovado que houve negligência, a empresa poderá perder a concessão.
França divulga relatório sobre AF-477
Paris (AE) - O mistério que cerca a queda do voo AF-447 deve acabar nesta sexta-feira. Técnicos do Escritório de Investigações e Análise para a Aviação Civil (BEA), o órgão que apura as causas do acidente de 31 de maio de 2009, apresentam às 14h30 (9h30 em Brasília) o relatório com as "circunstâncias exatas" do acidente. Preocupados, sindicatos de pilotos e famílias de vítimas advertiram ontem que culpar os pilotos não será explicação aceitável para o crash. A divulgação do documento foi anunciada pelo BEA na última segunda-feira. "O relatório apresentará as circunstâncias exatas do acidente com os primeiros pontos de análise e novos fatos estabelecidos a partir da exploração dos dados das caixas-pretas", diz o escritório.
Fontes envolvidas nas investigações e ouvidas pelo Grupo Estado em Paris no início de julho asseguram que um erro de avaliação na pilotagem teria sido decisiva para a queda, informação reiterada pelo jornal "Le Figaro". Porém, o próprio diretor do BEA, Jean-Paul Troadec, já admitiu que sem o congelamento dos tubos de Pitot - os sensores de velocidade de um avião, que orientam o sistema de navegação - o acidente não teria acontecido.
Ontem, sindicatos de pilotos na França protestaram contra as insinuações de que o voo AF-447 teria caído por culpa dos pilotos. "Os vazamentos à imprensa tendem a reiterar a tese de um erro de pilotagem, e não se fala mais do papel das sondas Pitot", disse à agência Reuters Guillaume Pollard, secretário-geral do sindicato Alter. "Isso tiraria um espinho do pé da Airbus, Air France e da Direção Geral de Aviação Civil (DGAC). Este acidente põe muita gente no banco dos réus."
De parte da associação Ajuda Mútua e Solidariedade AF-447, que reagrupa famílias de vítimas francesas, a responsabilização dos pilotos é a explicação mais conveniente, mas não necessariamente a mais próxima da verdade. "As acusações contra os pilotos são inaceitáveis. É fácil acusá-los, já que não estão mais aqui para se defender", afirmou Robert Soulas, presidente da associação. "Vimos na imprensa veredictos indicando que a responsabilidade é de 95% dos pilotos e 5% dos aviões. É inadmissível."
Entre as vítimas do voo da Air France estava areia-branquense Soluwellington Vieira de Sá, 40 anos. Funcionário de uma empresa prestadora de serviços a uma multinacional do petróleo, ele retornava para a Europa após um breve período de férias com a família na cidade de baraúna, interior do Rio Grande do Norte. O corpo de Soluwellington foi resgatado pouco dias depois do acidente por equipes brasileiras que participavam das buscas dos destrços do avião Air Bus.
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