Busca por 'Terras' e a origem do Universo pautam encontro na China
Mais de dois mil astrônomos se reuniram por duas semanas em Pequim.
Supertelescópios, novas descobertas e observatórios solares foram temas.
Os avanços na busca das origens do Universo e dos planetas similares à
Terra foram os principais assuntos discutidos na 28ª edição da
Assembleia Geral da União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em
inglês), que termina nesta sexta-feira (31) em Pequim, na China.
Durante duas semanas, mais de dois mil astrônomos compartilharam seus
descobrimentos e experiências nesse evento que começou em 1922 e ocorre a
cada três anos. Nesta ocasião, foi sediado em um dos países que mais
apostam na pesquisa espacial.
Os futuros observatórios solares, a construção de "supertelescópios" no
Chile e no Havaí (EUA) e os avanços no descobrimento de objetos cada
vez menores foram alguns dos temas mais abordados nas conferências.
Vice-presidente chinês, Xi Jinping, cumprimenta chefe da IAU, Robert Williams
(Foto: Alexander F. Yuan/AP)
"Um dos objetivos é encontrar um planeta o mais similar possível com a
Terra. Estão se descobrindo 'Jupíteres', mas podemos descobrir planetas
menores", contou à Agência Efe David Montes, astrofísico da Universidade
Complutense de Madri, na Espanha, e um dos participantes da assembleia.Nesta 28ª edição da assembleia, os astrônomos também anunciaram um importante descobrimento, o do primeiro sistema multiplanetário e circumbinário (dois planetas orbitando ao redor de dois sóis), batizado de Kepler-47 e situado na constelação do Cisne da Via Láctea, há 5 mil anos-luz da Terra.
A China, uma nação que durante séculos foi uma das mais avançadas em astronomia (na previsão de eclipses e na observação de supernovas, que os chineses chamavam de "convidadas"), tem uma grande intenção de colaborar com a procura dessa nova "Terra", já que possui telescópios e observatórios na Antártica.
O país também tem um programa de missões tripuladas e a intenção de construir seu próprio telescópio solar e de aumentar o potencial de seus observatórios no Polo Sul.
"Agora, a China tem tanta capacidade em ciência, que praticamente se iguala a todos os projetos europeus e americanos", afirmou Valentín Martínez Pillet, coordenador de projetos do Instituto de Astrofísica das Ilhas Canárias, que pertencem à Espanha.
Segundo Pillet, se os chineses se esforçarem em torno dos mesmos objetivos da Nasa e da Agência Espacial Europeia (ESA), será possível obter mais dados, o que "seria estupendo".
Outra linha de pesquisa muito viva na astrofísica atual é sobre a origem do Universo: o "Bing Bang" já não é um mistério, mas ainda não há um consenso sobre o que se passou desde aquela grande explosão até o Universo atual.
"Graças a uma nova câmara instalada no telescópio espacial, há dois ou três anos, estamos começando a analisar como se formaram os primeiros objetos, descobrindo que eram muito menores que o tamanho das galáxias atuais", explicou Ignacio Trujillo, também cientista do Observatório Astrofísico das Ilhas Canárias.
"Tínhamos visto a explosão do 'Big Bang' com a radiação de fundo, mas nos faltava unir esses períodos primitivos até o Universo próximo", declarou o especialista, que ressaltou que outro desafio é ver qual vai a ser o futuro do telescópio das Canárias, o maior atualmente. No entanto, em dez anos, ele deve ser superado pelos do Chile e do Havaí.
Os chineses, de fato, poderiam ter interesse em usar o arquipélago espanhol para seus projetos paralelos aos programas internacionais. "Uma possibilidade é de que países como China e Índia, que estão investindo muito dinheiro agora, decidam pôr nas Canárias um telescópio com essas mesmas características", explicou Trujillo.
Em relação à vida em outros planetas, essa não parece ser uma grande obsessão dos cientistas, sendo que alguns, como o Nobel de Física de 2011, Brian Schmidt, dizem que talvez seja melhor nem buscá-la.
"Provavelmente, não é o mais inteligente dizer aos alienígenas onde estamos, já que um encontro com eles poderia não ser muito agradável", assinalou o cientista na assembleia, enquanto Martínez Pillet afirmou que progressos nesse sentido são inevitáveis.
"Esses avanços serão alcançados em alguma missão que será lançada não antes de 2030 e 2040. Nesse período de 10 anos, é possível que a Nasa e a ESA lancem uma missão que permita encontrar moléculas orgânicas na atmosfera de outros planetas", completou.
Telescópio da Nasa capta superbolha brilhante a 160 mil anos-luz da Terra
Estrelas ficam dentro de nebulosa na galáxia Grande Nuvem de Magalhães.
Imagem foi feita há dez e montada agora com três registros diferentes.
O telescópio de raio-X Chandra, da agência espacial americana (Nasa),
detectou uma "superbolha" brilhante a 160 mil anos-luz da Terra. O
registro foi feito há dez anos, durante mais de 5 horas, e divulgado
nesta quinta-feira (30) após a união de três registros diferentes.
Trata-se do aglomerado de estrelas NGC 1929, localizado dentro da
nebulosa N44, na galáxia-anã Grande Nuvem de Magalhães, vizinha da nossa
Via Láctea.
As estrelas jovens e massivas desse aglomerado produzem uma intensa
radiação e expulsam matéria em alta velocidade, o que as faz explodir
rapidamente como supernovas – explosões estelares muito violentas,
resultantes da morte de uma estrela.
Aglomerado de estrelas fica em nebulosa
(Foto: Nasa/CXC/U.Mich./S.Oey, IR: Nasa/JPL, Optical: ESO/WFI)
A imagem acima é composta por três capturas diferentes, representadas pelas cores azul, vermelho e amarelo.
Em azul, o Chandra flagrou o vento proveniente desses astros e o choque
das supernovas que esculpem superbolhas no gás. Em vermelho, estão
dados infravermelhos, que mostram a poeira e um gás mais frio. Jás as
informações em amarelo foram obtidas por luz óptica – feitas pelo
telescópio Max-Planck, do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile –,
que revelam onde a radiação ultravioleta faz o gás brilhar.
Esta é a primeira vez que os dados obtidos foram suficientes para
distinguir as diferentes fontes de raios-X produzidas pelas superbolhas.
O estudo foi liderado pela Universidade de Michigan, nos EUA. Também
participaram a Universidade Johns Hopkins, em Maryland, a Universidade
de Illinois e o Instituto de Astronomia da Universidade Nacional
Autônoma do México.
O programa Chandra é gerenciado pelo Centro de Voos Espaciais Marshall,
em Huntsville, no Alabama. O Observatório de Astrofísica Smithsonian
controla as operações científicas e de voo do telescópio em Cambridge,
Massachusetts.
Lua azul
Quem costuma fuçar os calendários durante o ano – no meu caso, atrás
dos feriados – deve ter notado que o mês de agosto terá duas Luas
cheias. A primeira foi logo no dia 2 e a segunda vai ser no dia 31. Esta
segunda Lua cheia em um mês é chamada de “Lua azul”. Mas por quê?
A expressão “Lua azul” tem sido usada há pelo menos 400 anos, mas não
como sendo a segunda Lua cheia do mês. Este significado nasceu de um
erro ocorrido em 1946 e se tornou popular nos últimos 20 anos. Já vi
muita gente graúda dizendo que este hábito remonta aos fenícios ou
egípcios, mas é pura bobagem.
Veremos o porquê.
No século 16, dizer que a Lua era azul significava exprimir algum
tipo de exagero. Dizia-se: “fulano é tão desligado que diria que a Lua é
azul!” Esse conceito levou a outra expressão que indicava uma
probabilidade bem remota de algo acontecer. Por exemplo, no século 18,
dizia-se: “eu pagarei minha dívida com você quando a Lua estiver azul”.
Apesar de parecer muito estranho, já houve algumas vezes em que a Lua
realmente se tornou azul no céu. Em 1883, quando o vulcão Krakatoa
explodiu na Indonésia, a atmosfera ficou carregada por partículas de
poeira que fizeram o pôr do Sol ficar esverdeado e deixaram a Lua azul
no mundo todo por quase dois anos. Sempre que há uma grande quantidade
de poeira na atmosfera, esse efeito se repete. Foi assim em 1927, na
Índia, quando uma tempestade depois de uma enorme seca levantou
toneladas de poeira na atmosfera. Ou em 1951, quando um enorme incêndio
florestal no Canadá lançou uma quantidade de cinzas que deixou a Lua
azul.
Em tempos mais modernos a expressão Lua azul se tornou um sinônimo de
coisa rara, mas também de tristeza. Várias músicas usam esta expressão
para associar tristeza e solidão, basta checar algumas músicas de Elvis
Presley.
Já no final dos anos 1980, nos EUA, a expressão “Lua azul” se tornou
moda. Foi uma febre que deu nome a milhares de restaurantes e mostras de
arte no país. Quem for do meu tempo vai se lembrar daquela série de TV
com a Cybill Shepherd e o Bruce Willis em começo de carreira, que no
Brasil se chamava “A Gata e o Rato”. Eles tinham uma agência de
investigação particular que se chamava “Blue Moon” (literalmente, “Lua
azul”) e o nome original da série era “Moonlighting” (expressão que
significa “segundo emprego” e faz um trocadilho com a palavra “luar”).
Já a partir desta época, Lua azul também significava uma segunda Lua cheia em um mesmo mês. Mas nem sempre foi assim.
Esse é um daqueles casos em que uma definição nasce de um erro. A
definição de Lua azul aparece em um livro chamado “Almanaque do
Fazendeiro do Maine” nas edições anuais entre 1819 e 1962. Em nenhum
destes exemplares a definição é esta que conhecemos. A definição que
aparece neste almanaque é bem diferente e tem mais a ver com as estações
do ano, do que com os meses. É assim: “Em primeiro lugar considera-se o
ano tropical, aquele que começa em um solstício de inverno (mais ou
menos no dia 21 de dezembro para o Hemisfério Norte) e vai até o
solstício de inverno seguinte. A maioria dos anos tropicais consegue
conter 12 Luas cheias, três em cada estação do ano. Cada uma delas tem
um nome específico para a atividade humana da época. Ocasionalmente,
temos um ano tropical com 13 Luas cheias, o que significa que uma das
estações do ano deverá ter quatro delas, ao invés de três. Nesta estação
com quatro Luas cheias, a terceira a acontecer é chamada de Lua azul”,
diz o almanaque.
Essa definição começou a se moldar em julho de 1943 em uma coluna de
perguntas e respostas da revista Sky & Telescope nos EUA. Laurence
J. Lafleur citou o fato de ocasionalmente haver 13 Luas cheias em um
ano, mas não disse que se tratava de um ano tropical. Ainda assim, ele
não falou nada de duas Luas cheias em um mesmo mês. Mas a vaca foi para o
brejo mesmo em março de 1946. Na página 3 da edição deste mês, James
Pruett, um astrônomo amador que escrevia costumeiramente para a revista,
em um especial sobre meteoros, resolveu falar sobre Luas azuis. Ele
repetiu uma conclusão do tal almanaque, que dizia que: “Em 19 anos, sete
vezes aconteceu (e ainda acontece) de haver 13 Luas cheias em um ano.
Isto dá 11 meses com uma Lua cheia em cada um e um mês com duas”. Mas
concluiu erroneamente: “esta segunda Lua cheia do mês, assim eu
interpreto, foi chamada de Lua azul.”
Talvez por ser mais fácil de se entender, a própria revista encampou
esta nova definição e passou a tratar a Lua azul desta maneira em suas
páginas. Na década de 1980, a onda se espalhou e agora não tem mais
volta.
Isto não é uma coisa ruim de todo, quantas pessoas aí não acharam que
o novo milênio começava em primeiro de janeiro de 2000? Este erro tem
sim implicações mais práticas do que confundir uma Lua cheia.
Entretanto, uma diferença fundamental pode ser notada das definições.
Pelo almanaque, uma Lua azul pode ocorrer em qualquer mês do ano, basta
ser a terceira Lua cheia da estação. Pela definição da revista, não é
possível que ocorra uma Lua azul em fevereiro e os meses de 31 dias são
os mais prováveis de ter uma Lua azul. Isto porque o intervalo de tempo
entre duas Luas cheias consecutivas – uma lunação – é de 29 dias – e uns
quebrados. Como fevereiro não pode ter mais que 29 dias, não tem jeito.
A Lua azul deste dia 31 de agosto é muito especial. Ela vai acontecer
no mesmo dia do enterro de Neil Armstrong, o primeiro ser humano a dar o
primeiro passo na Lua – com o pé esquerdo. Será uma boa oportunidade
para render uma homenagem a ele. Basta se lembrar de ver a Lua cheia
azul, lembrar-se de Armstrong e dar uma piscadela.
http://g1.globo.com/platb/observatoriog1/2012/08/31/lua-azul/
Astrônomo amador descobre explosão estrelar por acaso
Irlandês havia descoberto outra supernova a partir de seu quintal, em 2010.
Supernova (Foto: BBC)
Menos de dois anos após descobrir uma explosão estrelar, evento chamado
de supernova, um astrônomo amador avistou uma segunda explosão, as
únicas já descobertas na Irlanda.
O desenvolvedor de software Dave Grennan, de 41 anos, estava vendo o
céu com um telescópio a partir de seu jardim em Dublin, quando
presenciou o espetáculo, na noite de 22 de agosto.
"Levei o maior susto da minha vida. Já ia dormir e, ao examinar a
última foto, quase caí da cadeira. Sabia exatamente o que era, que não
se tratava de sujeira na minha câmera, mas de uma supernova", disse ele.
Grennan afirmou que passou as horas seguintes examinando os dados e
checando se mais alguém no mundo havia relatado o fenômeno. Ele então
contatou a União Astronômica Internacional, que reconheceu e catalogou a
descoberta.
"Fiquei muito animado de descobrir algo que não havia sido relatado em nenhum local do mundo antes" disse.
Neil Armstrong
Grennan dedicou a descoberta ao astronauta Neil Armstrong, que morreu no sábado (25), e explica que ela não pode ser batizada com o nome do americano, já que "apenas objetos permanentes recebem nomes".
Grennan dedicou a descoberta ao astronauta Neil Armstrong, que morreu no sábado (25), e explica que ela não pode ser batizada com o nome do americano, já que "apenas objetos permanentes recebem nomes".
Segundo explica o astrônomo amador, "a explosão pode ser vista por alguns meses e depois desaparece".
A supernova descoberta foi a de uma estrela cem vezes maior que o Sol
ocorrida em outra galáxia, chamada IC2 166. O astro tornou-se grande
demais e não suportou seu próprio peso, segundo especialistas. A
explosão aconteceu há 123 milhões de anos-luz.
"Isso significa que levou mais de 120 milhões de anos para a luz da
explosão viajar pelas profundezas do universo até o nosso planeta. É
como olhar diretamente para o passado", disse.
O desenvolvedor de software já havia descoberto outra supernova em setembro de 2010, usando o mesmo telescópio.
Há quatro anos, ele descobriu também um pequeno asteroide, de apenas 3
metros de diâmetro, batizado com o nome de sua mãe, Catherine Griffin,
que encorajou seu interesse pelas estrelas quando criança.