Parece conversa antiga, mas a verdade é que esta infecção cresceu 5 mil por cento nos últimos anos e já atinge 36 milhões de pessoas por ano no mundo
Lesões causadas na pele em decorrência da sífilis – Foto: Cícero Oliveira
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Por José de Paiva Rebouças
(AGECOM/UFRN) –Ela é silenciosa e traiçoeira. Surge como uma ferida indolor na área infectada que desaparece em até oito semanas sem deixar vestígio. Ressurge tempos depois com manchas e feridas no corpo e lesões nas palmas das mãos e dos pés, mas, em muitos casos, é confundida e tratada como alergia. O pior é que, após isso, os sintomas podem ficar adormecidos por anos, até retornarem causando úlceras pelo corpo, corroendo os ossos, afetando os nervos, olhos, coração, cérebro e provocando uma morte terrível.
Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é uma doença infecciosa crônica exclusiva do ser humano. Sua transmissão mais comum é pelo contato sexual ou pela placenta, no caso do feto. Identificada no começo, é tratável de forma barata com penicilina benzatina (Benzetacil), mas se deixada no organismo, pode ser fatal. A principal forma de prevenção, claro, é através do uso de preservativo, acontece que muita gente tem negligenciado essa indicação óbvia e apostado na sorte.
Por ser uma doença antiga que remonta a idade média, as pessoas acham que já foi superada, mas sua incidência mostra exatamente o contrário. A sífilis está avançando tanto e tão rapidamente que o Ministério da Saúde (MS) decretou, desde 2016, uma epidemia no Brasil.
Apesar de terem descoberto a cura para essa infecção em 1930, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 36 milhões de novos casos são registrados por ano no mundo, mesmo em países desenvolvidos. Segundo o coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica e Saúde (LAIS/UFRN), Ricardo Valentim, essa infecção teve um crescimento de 5 mil por cento nos últimos anos. “É uma epidemia global”, reforça.
Dados do Boletim Epidemiológico da Sífilis 2017 mostram que entre 1998 e 2017 foram notificados quase 685 mil casos no Brasil. Na edição 2018, foram registradas 110 mil novas infecções. Isso representa mais gente do que a população do município de São Gonçalo do Amarante ou um terço da população de Mossoró.
Ainda em 2018, a sífilis adquirida aumentou de 44,1, em cada grupo de 100 mil habitantes em 2016, para 58,1 em 2017. Neste mesmo período, o número de gestantes infectadas cresceu de 10,8 casos por mil nascidos vivos para 17,2. No caso da sífilis congênita, aquela passada da mãe para o filho durante a gravidez, o número de casos subiu de 21 mil para 24 mil e o de mortes de 195 para 206. LEIA MAIS...
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