Homem troca esposa por cavalo e transforma animal em supercampeão
Bagdá ( Leandro de Manoel Leandro) não se arrepende da decisão e garante que animal mudou sua vida.
Alazão Irion McCoy é reconhecido internacionalmente por sua performance.
Quando o potiguar da cidade de São João do Sabugi, Manuel Leandro Filho, o Bagdá, de 64 anos, conhecido aqui em São João por Leandro de Manoel Leandro teve o primeiro contato com o cavalo Irion McCoy, em meados de 1993, e resolveu levá-lo para casa, em Peruíbe, no litoral de São Paulo, ele nem poderia imaginar que o alazão seria protagonista de uma história que mudaria o rumo da própria vida. Casado e passando por um momento financeiro complicado, Bagdá foi colocado na berlinda pela até então esposa, sendo intimado a escolher entre ficar com ela ou continuar com o animal. A reposta foi rápida e não teve mais volta. Ele deixou a mulher seguir o próprio caminho e cuidou tão bem daquele novo ‘filho’ que transformou McCoy em um super campeão.
Atualmente, Irion McCoy é o maior participante e ganhador de prêmios de cavalos Árabes em provas funcionais da raça no Brasil. Ele é treinado pelo domador e proprietário do haras que leva o mesmo nome do dono: Bagdá.
A relação de proximidade entre os dois começou no interior de São Paulo, quando o empresário viu o pangaré amarrado em um canto e foi ‘conversar’ com ele. “Tem coisa que não dá para explicar direito. Ele era usado para carregar leite. Me aproximei, dei uns tapinhas nele e parece que o bicho gostou. Dei meia volta pra ir embora e ele relinchou, como se estivesse me chamando. Fui atrás do dono, paguei uns cruzeiros e trouxe ele”, conta.
A felicidade de Bagdá com a chegada de McCoy ao litoral não contagiou a esposa do cavaleiro. Ele lembra que a ex-mulher viajava bastante para Santa Catarina e a relação dos dois já estava um pouco distante antes da separação. O casal estava junto há cerca de 10 anos e o ciúme dela pelo cavalo era tão grande que resolveu pôr em xeque a relação entre Bagdá e seu alazão. “Ela já ia sempre com a filha para o sul do país, ficava dias por lá e depois voltava. Numa dessas vezes me intimou e perguntou se eu queria ela ou o cavalo. Eu fiquei com McCoy e não me arrependo”, disse.
O empresário conta que, na época, passava por dificuldades financeiras e a decisão, embora difícil, mostrou uma nova direção para sua vida. "Com a separação deixei a propriedade para ela e fui dormir na cocheira de madeira com ele, porque estava numa draga danada. Fiquei lá uns três ou quatro meses, mas muito feliz. Foi assim que criamos um laço maior que amizade. Ele é um pedaço de mim", revela Bagdá.
A explicação para o empresário ter escolhido deixar a mulher e ficar com o alazão tem um porquê. “Quando eu era pequeno, ainda lá no Rio Grande do Norte, eu tinha um cavalo que ganhei do padrinho e ele foi vendido sem eu poder fazer nada. Fiquei com aquilo na cabeça, sempre pensando que teria um cavalo e não ia deixá-lo. Acho que foi um trauma”.
Depois que rompeu com a então esposa, há mais de 16 anos, o sucesso começou a surgir na vida de Bagdá e de seu ‘filho’. Irion McCoy é um puro-sangue da raça Árabe, uma das raças mais antigas do mundo. Ele está com 27 anos, idade que, para alguns especialistas da área, é considerado ‘velho’ para disputar algumas modalidades.
No entanto, em toda a carreira vitoriosa do animal, ele conta com 89 participações, sendo 45 títulos e 21 segundas colocações, além da maior participação e o maior número em prêmios em provas como a de tambores – quando o cavalo precisa dar voltas em objetos na pista. Esses dados estão registrados na Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe (ABCCA), criada há 50 anos. McCoy conquistou ainda cinco títulos internacionais e um vice e segue competindo também nos haras pelo interior do Brasil.
Perguntado sobre o segredo da alta performance do animal, Bagdá destaca o temperamento do alazão. “Ele é muito calmo e tranquilo. Se levar ele com jeito, na boa, ele vai com tudo. Não adianta dar tranco, porque ele é um cavalo diferente, tanto que ele adora treinar com crianças. É um bom professor de hipismo”, brinca.
Família
Mesmo depois de tanto esforço e dedicação ao cavalo, Bagdá arrumou tempo para um novo amor. Há 16 anos, ele conheceu Martha Regina Morais, com quem teve a filha Elisabeth Morais. As duas mulheres são montadoras e orientadas pelo próprio marido e pai, respectivamente. Juntos, eles formam a verdadeira família do empresário. “Esse cavalo mudou a minha vida. Eu sou um cabra abençoado. Nós vamos morrer juntos”, finaliza emocionado.
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