terça-feira, 10 de junho de 2014

Rede Sismológica Brasileira começa a monitorar terremotos no Brasil

Embora esteja bem no centro de uma placa tectônica, e por isso afastado dos atritos que geram os terremotos de grandes proporções, o Brasil também sente as consequências dos movimentos no interior da Terra.
O caso recente na cidade de Montes Claros, em Minas Gerais, é um exemplo disso, onde construções foram danificadas mesmo por esses terremotos de baixa intensidade.
Rede Sismológica Brasileira
Rede Sismológica Brasileira monitora atividade sísmica no Brasil
O software mostra os sismos em tempo real usando códigos de cores e padrões geométricos. [Imagem: Marcos Santos/USP Imagens]
Agora, os eventos sísmicos que acontecerem em nosso território serão registrados em tempo real pelas 73 recém-instaladas estações que compõem a Rede Sismológica Brasileira (RSBR).
"Quando acontece um terremoto, ele emite ondas. As vibrações no chão vão se propagando e chegam a cada uma das estações. Se olharmos como cada estação está vibrando, conseguimos detectar se, de fato, está acontecendo ou se aconteceu um terremoto," conta o professor Marcelo Bianchi, do Departamento de Geofísica da USP.
Além do IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas), a Rede Sismológica Brasileira é integrada pelo Observatório Nacional, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pela Universidade de Brasília (UnB).
A rotina dos técnicos de sismologia do Centro envolve principalmente garantir que os dados cheguem ao centro em tempo real para possibilitar as leituras e revisões dos registros obtidos.
Nas leituras são conferidas e marcadas, por exemplo, as ondas primárias e secundárias liberadas com a ocorrência de um terremoto, e que permitem estimar a localização do epicentro, ou seja, o ponto que originou o tremor.
"Para realmente conseguir localizar um terremoto, ele deve ser registrado em várias estações. O que parece ser um sismo pode ser, na verdade, um caminhão passando em uma estrada próxima a uma das estações, ou mesmo uma explosão de pedreira", esclarece o geofísico.
As informações coletadas alimentam o catálogo sísmico brasileiro divulgado e mantido pelo Centro, que apresenta o histórico de eventos sísmicos do país.
Previsão de terremotos
Segundo Marcelo Bianchi, não há perspectivas de prever terremotos.
Contudo, conhecendo melhor a estrutura da Terra e a distribuição de terremotos ao longo do tempo e do espaço, é possível afirmar com mais segurança quais zonas têm mais chance de sofrer abalos, ainda que não se saiba exatamente quando eles podem acontecer.
Como o Brasil está longe das placas tectônicas, o professor Marcelo Assumpção, também do IAG-USP, elaborou uma hipótese que associa a quantidade de sismos em uma determinada região com a espessura da litosfera, a camada rígida mais externa da Terra.
A Rede Sismológica Brasileira vai ajudar a validar essa hipótese, sobretudo com base na bacia do Pantanal-Chaco, próxima à Bacia do Paraná. A região foi escolhida porque estudos anteriores indicam um possível afinamento na crosta terrestre e na litosfera nessa região, que pode estar associado à sismicidade apresentada ao longo dos anos.


Com informações da Agência USP Via http://www.inovacaotecnologica.com.br/

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