segunda-feira, 9 de junho de 2014

NA HISTÓRIA POLÍTICA DO RIO GRANDE DO NORTE

NA HISTÓRIA POLÍTICA DO RIO GRANDE DO NORTE


 -  PELA BUCHO E VIRA TRIPA - 
Geraldo Anízio (*)

A maior universidade de política é o Rio Grande do Norte. Lá teve os maiores acadêmicos da história. De Café Filho ao Papa Jerimum. O mais comum  linguajar criador de casos populares, foram aproveitados como slogan em campanhas invencíveis. Os candidatos ganharam apelidos conforme as características individuais de cada um. Dinarte Mariz por ser branco e de pele clara, os adversários apelidaram de Rato Branco, Aluízio Alves, chamaram-no de Cigano Feiticeiro por ter derrotado Dinarte à reeleição de 1961 a 1966 e, por dizerem que  Aluízio só tinha um pulmão e, de voz rouca, apelidaram-no de Bode Rouco. Dinarte na campanha para governador nos anos 60, segundo informações populares, havia ele dito caso ganhasse a eleição de Aluízio Alves, fecharia a lagoa de Manoel Felipe em Natal. Não deu outra, foi o estopim da tomada de campanha do candidato adversário Aluízio. O povo começou a chamá-lo de Fechador e, Dinarte perdeu feio para Aluízio Alves o candidato da Esperança.
Mons. Walfredo Gurgel, não foi diferente, criticado por ser sacerdote e candidato ao governo do Estado. Por ser conservador e andar popularmente de batina, as más línguas não pouparam o vigário. Compuseram logo uma música em que havia um trecho que dizia: Quem foi  que disse/ Que Deus mandou /Homem de saia / Pra  ser Governador...
Da crítica ao Monsenhor Walfredo rendeu-lhe o Governo do Rio Grande do Norte. No interior a coisa fica mais brava e os partidos divergem com bandeiras na frente das casas, e as cores verde e encarnado. Essas cores na política não podem e nem devem ser misturadas. Cada um para o seu lado. Em Caicó, as campanhas efervesceram as pessoas mais pela paixão do partido que pelo candidato.
O populismo trazido por Aluízio e Dinarte transformou-se em fanatismo político a ponto de eleitores apostarem, brigarem e morrerem pelos candidatos partidários. Por causa dessas acirradas disputas eleitoreiras, gerou entre adversárias termos engraçadíssimos. Duas mulheres trabalhavam na matança fazendo limpeza dos fatos dos bois e vacas mortas ali. Uma limpava as tripas, a outra pelava os buchos. Numa desavença por discussões políticas, um delas chamou a outra de:  - Você é uma vira-tripa! A outra não ficou por baixo e respondeu: - E você! Sinha pela-bucha!
A partir dessa discussão estava criado o pseudônimo dos eleitores adversários fanáticos por seus partidos. Quem  fosse do partido de Manoel Torres, também apelidado de Mané Panela, era Pela-Bucho; se fosse do lado de Vivaldo Costa, também apelidado de Mãe Pobre ou Papa Jerimum, chamaria de Vira-Tripa.
Francisco de Assis Medeiros, candidatou-se a prefeito de Caicó, sendo vesgo, logo o apelidaram de Burra Cega e não deu outra, o apelido mais a paródia feita por Morais:  Arena Verde não vá roer, eu vou fazer de barro um prefeito pra você...
Burra Cega foi eleito prefeito de Caicó nos anos 70.

Isso é só um pouco da  política no sertão do Seridó! E você de qual lado era?

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(*) Geraldo Anízio, seridoense, poeta, educador, é radicado em Rondônia.
Via Bira Viegas

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