quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

MORRE NELSON MANDELA. SEU LEGADO FICA PARA SEMPRE


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Prêmio Nobel da Paz e símbolo maior da luta contra a desigualdade racial, Nelson Mandela morre aos 94 anos, em Pretória, após 18 dias internado em decorrência de uma infecção pulmonar; depois de passar 27 anos num cárcere de 2,5 m por 1,5 m, ele teve forças para liderar todo um país na derrubada do apartheid.

247 – Uma das figuras mais celebradas do mundo, primeiro presidente negro da África do Sul, com sua face estampada em todas as notas de dinheiro de seu país, o Prêmio Nobel da Paz Nelson Mandela também foi um dos mártires que pagaram mais caro, na própria pele, por acreditar e lutar por sua causa, a igualdade racial. Nesta quinta-feira 5, aos 94 anos de idade, internado havia mais de duas semanas num hospital da capital Pretória, Mandela deu seu último suspiro -- e da condição de lenda vida passou a imortal da humanidade. Seu exemplo de resistência às injustiças será sempre celebrado por todo o sempre, em todo o mundo.

Na condição de um dos líderes do Congresso Nacional Africano, partido que comandou a resistência ao regime do apartheid ao longo do século 20, Mandela, após uma série de prisões, foi condenado à pena perpétua em 11 de junho de 1964. Naquele período, apenas 20% dos habitantes da África do Sul eram brancos, contra uma esmagadora maioria de negros, mas o país não era deles. Toda a circulação era restrita, feita por meio de passes com autorizações para deslocamento até mesmo entre bairros das grandes cidades.
Com o número de prisioneiro 46664, Mandela foi jogado numa cela de 2,5 m por 1,5 m na ilha de Robben, onde seria privado do contato com o mundo exterior. Impedido de ver seus filhos e obter notícias de fora, tinha como único alento visitas esporádicas de sua mulher Winnie. Ele só sairia de lá, pela força de uma série de campanhas internacionais e forte pressão do CNA, em 1990, depois de 26 anos no cárcere. Estava, porém, politicamente mais forte do que nunca. Uma multidão foi recebê-lo. "Quando me vi no meio da multidão, alcei o punho direito e estalou um clamor. Não havia podido fazer isso desde há vinte e sete anos, e me invadiu uma sensação de alegria e de força", disse Mandela na ocasião.
Mesmo tento um mundo completamente estranho à sua volta – ao ser preso pela primeira vez, em 1958, a África do Sul não permitia a negros terem televisão, mas na década de 1990, para assombro de Mandela, já era possível telefonar de dentro de aviões --, Mandela não teve dificuldades em ser eleito presidente do CNA. Mais complicada foi a vitória presidencial, na eleição de 1993, quando teve de enfrentar atentados contra figuras importantes de seu partido. Dono de enorme prestígio internacional, tendo dividido o Prêmio Nobel da Paz de 2003 com o então presidente Pietr Botha, Mandela superou todos os obstáculos para chegar ao governo com um discurso de conciliação dos negros com os brancos, apesar de todas as perseguições. Hoje, avalia-se que essa era a única estratégia possível para superar aquele momento.
Depois de ter perdido filhos e netos de maneira trágica, ter sido traído por sua mulher e enfrentado até incompreensões entre seus partidários, que exigiam dele uma postura mais agressiva frente ao regime que superava, Mandela mostrou-se ao longo da vida um político maior do que as circunstâncias imediatas. Sob sua condução serena nos anos 1990, como presidente – e de revolucionários que estudou técnicas de guerrilhas e participou de ações de enfrentamento direto com o regime nas décadas de 1950 e 1960, até se preso --, Mandela temperou agressividade e conciliação, para entrar para a história como figura única que sofreu todas as dores do racismo e soube ultrapassar a ira que seus adversários tentaram lhe impor. Essa característica serena de Mandela o torna uma líder até maior que sua própria causa, um verdadeiro exemplo de superação e fraternidade à toda prova.

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