domingo, 1 de abril de 2012

01 de Abril: Domingo de Ramos!


I leitura (Is 50,4-7): A missão do Servo Sofredor
Estamos diante de um texto do Segundo Isaías. O trecho é chamado de "terceiro poema do Servo de Javé". Ao lermos qualquer um desses poemas de Isaías, surge logo a mesma pergunta feita pelo eunuco a Filipe: "De quem o profeta está falando: de si mesmo ou de outro?" (At 8,34). A resposta não é fácil. Até o momento, as opiniões dos estudiosos podem ser sintetizadas em quatro tipos de interpretação de quem seja o Servo Sofredor: a. Interpretação coletiva: tratar-se-ia do povo de Israel; b. Interpretação individual: o Servo Sofredor seria uma pessoa anônima; c. Interpretação mista: ele seria ora Israel como um todo, ora um grupo de pessoas, ora uma pessoa só, como, por exemplo, o próprio profeta; d. Interpretação messiânica: os poemas falariam de um messias do futuro ideal. Segundo os autores do Novo Testamento, esse ideal encontrou perfeita realização em Jesus. Qualquer que seja a interpretação que seguirmos, sempre aparece o ideal do homem político que faz de sua função um serviço para a vida do povo.
O nosso texto - parte do terceiro poema - pertence a uma seção maior, que abrange os capítulos 49-55, e cujo tema central é a restauração política de Jerusalém, a cidade-esposa de Javé, símbolo da reconstrução de todo o povo. Os exilados - usando linguagem da esfera matrimonial - se queixam de que Deus rejeitou Jerusalém, sua esposa, e vendeu seus filhos como escravos. A resposta de Javé precede imediatamente o terceiro poema do Servo Sofredor (50,1-3). Embora não se saiba quem seja esse servo, podemos, pelo contexto que antecede, perceber claramente qual seja sua missão: mostrar, à custa das ofensas recebidas, que o amor de Javé é perene.
Paixão de Jesus Cristo segundo Marcos (14,1-15,47): Jesus é o Messias, o Filho de Deus
Os relatos da Paixão são pontos altos dentro da teologia de cada evangelista. Uma explicação exaustiva exige muito tempo e espaço. O que fazemos, aqui, é simplesmente oferecer alguns tópicos para começar a reflexão.
O Evangelho de Marcos inicia afirmando: "Começo da Boa Notícia de Jesus, o Messias, o Filho de Deus" (1,1). No relato da paixão-morte-ressurreição de Jesus retornam com força os temas da Boa Notícia, de Jesus Messias e Filho de Deus.
A Boa Notícia que é a prática de Jesus provocou reações em cadeia desde os inícios do Evangelho de Marcos. De fato, já em 3,6, os fariseus e alguns do partido de Herodes faziam um plano para matá-lo. A morte de Jesus, portanto, não aconteceu por acaso, mas é resultado de um plano de morte dos líderes religiosos e políticos. Esse plano dá certo porque Judas, um dos que andam com Jesus, rompe o cerco, permitindo que "os de fora" (cf. 4,11) executem seus projetos de morte. Judas é o traidor e Pedro, um dos que tinham sido chamados a "estar com Jesus" (cf. 3,14), reage com energia quando alguém lhe diz: "Você também estava com ele" (14,67). Jesus vai até o fim. Ele é a semente que, jogada na terra (cf. 4,3ss), vai produzir frutos além da expectativa. Mas sentir-se-á abandonado por todos, pois um discípulo prefere fugir nu (14,52) a se comprometer com o Mestre. Este, na cruz, sente-se abandonado pelo próprio Deus (cf. 14,34).
O Evangelho de Marcos é apenas o início da Boa Notícia de Jesus. Depois que ressuscitou, precede os discípulos na Galiléia (cf. 16,7), lugar de gente marginalizada, para a qual a prática de Jesus se tornou de fato notícia alegre, pois trazia, junto com as palavras, a libertação dos oprimidos. É lá, na Galiléia do dia-a-dia, que os discípulos se encontrarão com Jesus, desde que façam no hoje de sua história as mesmas coisas que o Mestre fez para libertar os oprimidos. O Evangelho de Marcos é sempre um início, a fim de que Jesus seja Boa Notícia para quem sofre. Jesus é o Messias e Filho de Deus.
II leitura (Fl 2,6-11): O Evangelho de Jesus Cristo
Ao escrever aos filipenses, Paulo está preso em Éfeso, mas tem em mãos um trunfo que lhe garantirá a liberdade: basta que prove ser cidadão romano. A decisão de fazer valer seus direitos de cidadão romano provocou grande mal-estar em Éfeso e também em Filipos. De fato, para os primeiros cristãos, o martírio era o momento mais nobre e mais propício para a propaganda do Evangelho. Declarar-se cristão e morrer violentamente por causa disso, provocava adesões à fé. Por que, então, Paulo foge desse momento? Estaria anunciando uma coisa e vivendo outra?
Eis, então, que ele escreve aos filipenses. Para ele é vantagem morrer, mas opta pela libertação em vista da possibilidade de ainda continuar evangelizando (1,23-24). A seguir, passa a mostrar os conflitos que ameaçam a comunidade: conflitos de fora (os falsos missionários, cf. 1,27-30) e os conflitos internos (divisões da comunidade, cf. 2,1-4). Por fim, convida para que todos tenham as mesmas disposições pessoais (sentimentos) que havia em Jesus Cristo.
Pistas para reflexão
 - A Paixão de Jesus se prolonga em todos os sofredores de nossa sociedade, entre os quais estão muitas pessoas idosas. Quais os sinais que apontam para a presença de Deus ao lado dos marginalizados?
- Questionar os projetos políticos construídos sem levar em conta o projeto de Deus revelado em Jesus, plenamente humano, servo, obediente até o fim. Inspirar-se no quarto canto do Servo de Javé (cf. Is 52,13-15; 53,10-12).
- Deus Pai é glorificado quando as pessoas reconhecem em Jesus o humano que passou pela encarnação das realidades mais sofridas e humilhantes, culminando com a morte na cruz, condenação imposta a criminosos. Evangelho é, portanto, o anúncio daquele que se fez servo, obediente até a morte, e morte de cruz. Esse anúncio não acontece sem que as pessoas também se encarnem, apostando a vida, como fez Paulo.

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